sábado, 23 de julho de 2011

Minha adorável herança

Estávamos todos encantados com as gracinhas dela, parecia uma bolinha de pêlo, melhor ainda uma estopa usada, corria pra lá e pra cá mostrando todas as suas façanhas. Nos preparávamos para o jantar e ela preocupada que todos deixavam a sala para se sentar à mesa do jardim correu na cozinha e puxando sua caminha deixou-a ao lado do meu marido e se sentou,bastou isso para que meu marido se apaixonasse por ela.

Minhas crianças sempre quiseram um cachorro, mas o Bernard nunca deixou alegando o trabalho que teríamos e dos problemas que iríamos ter com nossas viagens constantes ao Brasil. Muitos choros, muitas promessas de “eu juro que cuido!”, mas ele sempre foi determinante contra qualquer argumento.

Mas depois de alguns anos sentada naquele jardim eu vi nos olhos dele o encantamento que ele sentiu pela   Bunny.  Nessa época morávamos no Loiret, França, e sua doença já o afetava bastante.
Descobri que a raça daquele punhado de carinho era "caniche” e naquele ano quando fui de férias ao Brasil fiquei sabendo que a tradução de caniche para o português era poodle e sabendo que o Bernard estava encantado por uma cachorrinha dessa raça, minha família passou a procurar um filhote para dá-lo de presente de Natal. Por coincidência a amiga de minha irmã tinha uma cadela que estava grávida para nascer duas semanas antes do Natal.

Ela chegou no dia 24 dezembro de 1999 com um laço de fita vermelho, tão pequenininha que o laço era maior que ela.. Meu marido o Bernard ficou muito emocionado e logicamente adorou o presente. Quando ela fez 45 dias fomos buscá-la e logo ela se aconchegou no meu ombro, era a coisinha mais fofa do mundo!

Quinze dias depois com vacinas dadas, viajamos de volta para França e ela foi o centro de atenções dentro do avião, veio no meu colo dormindo as 12 horas de viajem.

A inteligência dela nos surpreendeu, nunca fez pipi fora do lugar e com 3-4 meses, como morávamos em casa, ela começou a fazer suas necessidades fora. Nós conversávamos com ela como uma criança e os seus olhinhos da cor de uma jabuticaba olhavam indagadores, como pedindo ajuda pra nos entender. Mudamos logo de casa, fomos para a Provence e lá ela derreteu muitos corações. Eu descia a pé para a padaria, era mais ou menos 500 metros, ela ia solta, parava pra falar com todos e francamente, muitas vezes achei que era poliglota, pois entendia à todos. Havia uma senhora chamada Fanny que morava na esquina de casa, para chegar na porta da sua casa tinha uma pequena alameda em aclive, todas as vezes que passávamos ela subia pra dar bom dia  e ganhar um biscoito, muitas vezes a deixei lá, para levar o Bernard para sua sessão de quimioterapia em Marseille, e quando isso acontecia Dona Fanny a regalava com friscasse de frango puro, motivo pelo qual a levei algumas vezes ao veterinário por indigestão...

Outra vez ela quebrou a unha descendo a escada de casa, meu marido ficou desesperado quando viu sangue nas patas dela, tivemos que ir em emergência no vet e ela riu muito com o seu desespero. Ele nunca se preocupou tantos com nossos filhos quando doentes como com a Tchica, esse é o seu nome.

Ela dormia na sua caminha debaixo da nossa cama, mas de madrugada ela pedia ao Bernard pra subir e ele delicadamente o fazia deitar no meio da cama. Meus filhos a adoram desde o primeiro dia que a viram e “apesar de ser uma poodle”, como eles dizem, é parte da família Schaeffer desde o dia que nasceu.

Viemos e voltamos várias vezes ao Brasil e entre uma das viagens ela ficou grávida e teve 5 filhotes lindos! O Bernard agora queria ficar com os 5, mas ficamos com apenas uma, a Tina.

Seis anos atrás meu marido partiu, mas me deixou 2 bens preciosos de herança, minhas companheiras de todas as horas, boas ou más,a  alegria da casa e o xodó da família.

De volta ao Brasil agora somos três, Tchica Tina e eu!





texto enviado por: Iara Schaeffer
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Lindo!!! Obrigado por compartilhar!

Vasco Rodrigues

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Gosto muito dos seus textos!
Márcia Ovando
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2 comentários:

  1. Iara Schaeffer
    www.iaraschaefferfotografa.com.br


    Linda história! Desejo que Tchica e Tina continuem por muitos anos ao seu lado.
    grande abraço

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  2. Minha pricesinha!:)
    giselle

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