domingo, 28 de dezembro de 2014

Ano Velho, Ano Novo...




         Quando eu era criança, a chegada do Ano Novo tinha um significado todo especial e místico para mim.
Lembro-me que no dia trinta e um de dezembro, logo ao levantar-me, minha mãe já falava que naquela noite veríamos o Ano Novo chegar e eu ficava o dia inteiro esperando ansiosamente pelo escurecer. E como demorava a chegar aquela noite!
À tardinha, íamos para casa de meus avós, na Rua Arapanés quase esquina com Macuco, em Moema, pois era lá que esperávamos o “Reveillon”.
Não se fazia festa. Reuníamo-nos na sala de jantar, comendo petiscos e bebendo sucos e vinho. A conversa prolongava-se animada até à meia-noite.
Nessa hora, íamos todos para o portão. Meu pai colocava-me sentada sobre o pilar de sustentação do muro, e eu, curiosa, fixava meu olhar no breu da rua, a espera do momento em que o Ano Velho apareceria lá no topo da ladeira, carregando nas costas o Ano Novo, pois como diziam meus pais, ele era ainda muito novo e não sabia andar.
Quando os fogos começavam a pipocar nas alturas, lá vinham eles: um homem de meia idade, longas barbas grisalhas, carregando nos ombros um jovem, que animado agitava-se admirando os fogos.
Na escuridão da noite, iluminada somente pelo eventual brilho dos fogos de artifício, o som dos apitos das fábricas e das pancadas das barras de ferro contra os postes, aquela imagem tornava-se mágica.
Ao passar pelos raros portões, onde as famílias reunidas comemoravam a seu modo o momento, o Ano Novo e o Ano Velho acenavam cordialmente as mãos num cumprimento silencioso. Nesse momento, meu coração disparava. Aquele era o ápice da festa: o Ano Velho se despedindo e apresentando-nos o Ano Novo que chegava.
E eles nos saudavam! Éramos personagens atuantes daquele rito místico de passagem de ano! E eu, na inocência dos meus primeiros anos de vida, timidamente levantava um pouco o braço e temerosa diante da grandeza daquele mistério acenava levemente a mão, trêmula de emoção.
Em dezembro de 1949, mudamos de bairro. Nunca mais vi o Ano Velho e o Ano Novo. Anos mais tarde, diferentemente de mim, que guardava aquela imagem inexplicável, em minha memória, meus pais já haviam se esquecido do fato, quando em um final de ano, na hora dos fogos, perguntei-lhes do que se tratava essa lembrança difusa que povoava minha mente nessa data.
Aí então, pude entender que o Ano Velho era um senhor de meia idade que, na noite da passagem do ano, colocava sobre os ombros o irmão mais novo - o Ano Novo - um jovem paraplégico, ambos sapateiros do bairro, e saíam pelas ruas de Moema, para que ele pudesse participar das festividades daquela noite especial e assistir à queima de fogos.
Ainda hoje me pergunto de onde será que meus pais tiraram a idéia de me fazer acreditar naquela fantasia de fim de ano. Uma coisa porém é certa: todos os anos, ao se aproximar a meia noite do dia trinta e um de dezembro, esteja eu onde estiver, lembro-me do vulto simbiótico emoldurado pela luz dos fogos, sinto saudades da minha inocência e me emociono com a certeza de ser eu a única pessoa no mundo a ter o privilégio da lembrança dessa fantasia particular.


                                                                           
Lidia Walder, Rua Arapanés esquina com a Avenida Macuco, em 1949

Lidia Walder

                                                               

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014






Que 2015 possa vir mais alegre, mais colorido, mais risonho, mais dançante,mais leve, mais justo,mais feliz!

                                                                       

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014



                                                           FELIZ  NATAL

                                                                     

sábado, 6 de dezembro de 2014

EE César Martinez: encontro de ex professores


Empório  Moema, Rua Canário














Último encontro de 2014
Com grande alegria e muita emoção que neste dia 2 de dezembro, nós, professoras aposentadas da EE César Martinez,décadas de 80 e 90,de Moema, nos reunimos mais uma vez para festejar a vida, a amizade, a lealdade.
Enquanto trabalhamos sempre fomos unidas e cooperativas para o bem das crianças confiadas aos nossos cuidados, na sagrada missão de ensinar, formar o cidadão de amanhã. Missão cumprida, aposentadas, não poderíamos deixar romper os laços criados durante décadas de convivência e assim, periodicamente nos reunimos, para matar saudades, contar e ouvir novidades, bater papo e, é claro, sempre num lugar gostoso, com boa comida. Afinal, ninguém é de ferro.
Desta vez o encontro foi no Empório Moema, ali na esquina da Canário com Macuco. E assim, continuamos a frequentar o bairro que sempre nos acolheu de braços abertos.
Presentes no encontro: Helena, Mariana, Nadir, Deise, Terezinha, Júlia, Elisabeth, Eliana, Márcia, Ernestina, Maria José, Rosa e Lídia.Último encontro de 2014.

Lidia Walder