quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A sessão televizinho,como era bom!

Fomos uns dos primeiros moradores da segunda fase do loteamento da Vila Carmen, um pedacinho do Brooklin Velho. Logo depois de nós chegou a família do “seu” Coelho e dona Meireles, com seus 5 filhos – o sexto nasceu por aqui. Eram nossos únicos vizinhos, únicos amigos neste “fim de mundo” sem água encanada nem energia elétrica. Estávamos no ano de 1950.
Bem depois disso, não sei exatamente quando, ouvimos assombradas de espanto, da boca dos meninos da dona Meireles, que o pai comprara uma Televisão, uma espécie de rádio onde além de ouvir, podíamos ver as pessoas. No sábado susequente fomos convidadas para conhecer o aparelho e assistir a um programa de luta livre que levava os meninos ao delírio e já saímos de lá com o convite para voltar no domingo e ver o Circo do Arrelia.
Meus pais não tinham condição financeira para comprar uma TV e também não gostavam que incomodássemos as pessoas, assim só íamos de vez em quando para uma sessão de televizinho, mas como era bom!
Em 1958, a Maria José, filha mais velha do casal tornou-se minha madrinha de Crisma, a partir daí freqüentávamos mais amiúde a casa e assim foi até que, com 18 anos, comecei a namorar.
Para agradar meus pais, minhas irmãs e, é claro, manter-me mais em casa, meu namorado nos presenteou com um aprelho de TV, da marca Invicta, no ano de 1964, e essa foi a primeira TV de nossa família. Assistíamos a “Os reis do ringue”, bem como ao “Cirquinho do Arrelia”, transmitidos diretamente dos estúdios da Record, na Miruna. Lembro também que durante a semana, passava uma série chamada “Combat”, com cenas da violência e sangue, em branco e preto, que à época me aterrorizavam.
E, pensando agora enquanto escrevo estas mal traçadas linhas, me dou conta de que, até 2007, todos os aparelhos de TV que passaram por esta casa, foram presentes. Até o meu atual, ganhei da minha irmã quando vim para cá cuidar dos meus pais. Meu pai comprou, ele mesmo, um aparelho de TV, quando em 2008, foi apresentado a uma beldade de tela de cristal líquido de 37”, se encantou e teve seu primeiro arroubo consumista aos 88 anos de idade. Claro que todos queriam presenteá-lo, mas ele fez questão de pagar em 10 suaves prestações mensais sem juros.
texto escrito por: Lidia Walder

5 comentários:

  1. muito bom o arroubo consumista do seu pai aos 88 anos, fantástico

    Maria Lucia

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  2. Lidia você escreve de forma fácil e acho que e por essa razão dá para imaginar cada pedaço da sua história, eu também fui bom um bom tempo televizinho

    Josè Pedro Aires

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  3. Obrigada Márcia, pela publicação desta simples, mas sincera narrativa.

    Maria Lúcia, foi realmente um espanto a atitude do meu pai; e a alegria que se seguiu à chegada do aparelho, indescritível.

    José, para nós, que vivemos essa maravilhosa época, onde tudo era novidade, é fácil imaginar e até "ver" a história do outro acontecer. Obrigada!

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  4. Vivemos mesmo Lidia numa época em que tudo por mais insignificante que fosse a gente curtia e muito e ter 1 televisão em casa era felicidade total.
    abraço

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  5. Olá,Lidia!

    Quem nunca fez uma prestaçãozinha na vida, que atire a pimeira pedra, não émesmo?!
    E que presente bom! Ganhar aparelhos de TV!
    Valeu!
    Muita paz!

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