quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jogando nos cavalos em Moema

O jóquei clube de São Paulo para facilitar a vida de seus apostadores passou a partir dos amos 1970, aumentar o numero de agencias de apostas que antes se limitava a “quitandinha” agencia única de apostas fora do Prado. Essa agencia ficava no prédio de propriedade do Jóquei na ladeira Porto geral esquina com a Rua XV de Novembro.
Moema teve sua agencia (que anos antes era chamado de Bookmaker). Essa agencia ou Bookmaker do Jóquei ficava na Avenida Ibirapuera quase na esquina da Praça Nossa Senhora Aparecida, a poucos metros da igreja da nossa mais querida Santa.  Era um armazém grande com mesas, um bar para vender cervejas e refrigerantes a também sanduíches, no alto da parede alguns aparelhos de televisão ligados na TV Jóquei e, era como se estivéssemos no próprio jóquei clube, então de segunda a domingo exceto na terça feira, tinha corridas e os assíduos freqüentadores lá estavam fazendo suas apostas. Os apostadores em corridas de cavalos são 99% de homens. As poucas mulheres que vão ao jóquei são para fazer companhia a maridos ou namorados, e também dão seus palpites nunca de acordo com o gosto dos homens que se julgam autênticos catedráticos no esporte das rédeas. Mas é bom não desprezar palpites de mulheres porque zebras também aparecem cruzando o disco. La no Jóquei uma moça estava com seu namorado e disse em tom alto: Benhê joga naquele cavalinho marrom com uma mancha branca. Catedráticos que estavam ao lado botaram a mão na boca para não rir alto. Se o namorado jogou ou não, ninguém ficou sabendo, Oe que estavam ao lado muito menos, pois se tratava segundo a pedra de apregoação era a maior zebra do páreo, e assim ficou até o fechamento do páreo.  Quando os cavalos estavam perto do disco aquele cavalinho marrom estava na frente a dois corpos de vantagem pagando uma poule astronômica.          Daí para frente os “irônicos risonhos” não saiam do lado do casal de namorados para ouvir outro palpite, só que ela pegou o binóculo e ficou deslumbrada com a paisagem do jóquei que não prestou mais atenção nas corridas.
Em Moema tinha uma apostadora fiel. A dona Marlene, mais fiel turfista do que a maior torcedora do Corinthians. Ela era a primeira a chegar ficava sempre na primeira mesa quase de baixo do aparelho televisor. Estava sempre com a revista Corridas em Cidade Jardim, com varias anotações dos cavalos que poderiam chegar em primeiro, ou em segundo lugar, para uma a posta no placê. De vez em quando ela levava o marido. Marlene era uma autentica catedrática em corridas de cavalos. Era difícil ela não ir ao guichê receber um dinheirinho, já que ela jogava uns trocadinhos. Para ela é melhor ganhar pouco do que perder muito. Muita gente não gosta de ir às agencias, preferem ver ao vivo e em cores nas arquibancadas do Joquei, principalmente a partir dos anos 1990, quando as arquibancadas especiais para os “bacanas” foi liberada ao povão.
Eu desde criança ia ao jóquei junto do meu pai. Eu e meu irmão ficávamos catando poule no chão enquanto meu pai e seu amigo jogavam. Eu entendia de tudo em corridas de cavalos, pois desde os 10anos de idade marcava os cavalos para ele que ia trabalhar na Ximbica da Rua Joaquim Floriano. Para quem não sabe Ximbica era uma Bookmaker, o mesmo que as agencias do jóquei. Só que clandestina. Coisa que o Jóquei proibia por que tirava os apostadores do Prado. Também a transmissão das corridas que a radio Excelsior tirava os apostadores segundo os dirigentes, por isso foi proibida a entrada do locutor Vicente Chieregatti, para fazer a transmissão, mas os ouvintes do turfe não ficaram sem ouvir. O locutor da Radio Excelsior alojou no morro que ficava a frente do Jóquei e com seu potente binóculo transmitiu normalmente, então os dirigentes do jóquei permitiram que ele voltasse a ocupar a cabine de transmissão. Em 1953 num feriado de 1º de maio, com céu azul, um verdadeiro convite há uma bela tarde no Jóquei, fui com meu pai que estava com um amigo. Logo no primeiro páreo corria um cavalo de nome Cyro, montado pelo bridão Pierre Vaz. Falei pai joga no numero um, esta em boa baliza deve ganhar. Cala boca moleque, não fica dando palpite errado. Corrido o páreo, Cyro chegou ao disco com vários corpos de vantagem. O amigo do meu pai olhou pra ele e disse: E agora amigo? Daí para frente eu como filho de turfista me tornei “um turfista”.
Todos os dias de corridas, a gente ouvia sempre a mesma ladainha, antes de correr o primeiro pareo: Hoje arrebento o, Ú do Jóquei!

texto enviado por: Mario Lopomo

4 comentários:

  1. Lendo e aprendendo sobre o bairro de Moema.

    Maria Isabel

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  2. Lopomo
    quer dizer que pertinho da igreja tinha o lugarzinho garantido para as apostas e pelo visto dona Marlene era bem conhecida.
    Mais uma que fiquei sabendo do bairro.
    abraço

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  3. Algumas vezes acompanhei o meu avô no Jockei para as apostas ,alguns saiam felizes e outros choramingando,mas o espetáculo era bonito,guardei em minha memória.

    Silvia Regina

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  4. São Paulo antes de se transformar numa metropole, tinha no Joquei Club o ponto de encontro da sociedade paulistana. A agencia de Moema era bem frequentada e vc podia almoçar ( ou jantar se as corridas eram a noite). Com a decadencia do turfe em São Paulo, a agencia fechou suas portas ocorrendo o mesmo com outras.

    PS.Sr. Lopomo. Piere Vaz montava no regime de freio e não de bridão e Cyro era de propiedade do Sr. Paulo de Lara

    Velhos tempos....belos dias

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