quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Lembranças com meu pai...

A gente saía da Nhambiquaras e pegava o ónibus para o Vale do Anhagabaú na Maracatins quase esquina com a Aratãns. Era dia de compras, o dia era diferente e não importava se fazia sol ou chuva. Para mim, o dia era claro, brilhante e alegre. Esquecia até os meus enjoos crônicos que tinha dentro de ônibus!
Saíamos cedinho de mãos dadas pra não se perder. Dentro do ônibus meu pai me deixava sempre sentar na janela e explicava aos passageiros que eu tinha enjoo, e necessitava de ar fresco. Naquele tempo as janelas eram abertas perto do seu rosto e o vento batia direto nas pessoas sentadas, algumas delas não gostavam, por isso, meu pai sempre pedia desculpa e explicava a situação.
As vezes quando o vento não fazia o efeito necessário, ele abria uma caixa de fósforo e mandava eu mastigar os palitos, e parecia funcionar. Foram quase uma tortura chinesa esses passeios, mas eu não perderia por nada desse mundo!
Descíamos no Anhagabaú e subíamos as escadas rolantes da galeria Prestes Maia, íamos em direção da Rua São Bento e descíamos a ladeira Porto Geral direção 25 de Março. Lá comprávamos meias e calcinhas tudo em dúzias. Eu sempre achava que meu pai era exagerado, mas hoje entendo porque: Comprar a “granel” (como ele costumava dizer), era mais caro do que ao atacado.
Depois das compras subíamos a ladeira novamente e voltávamos para a Rua Direita onde por lá fazíamos as compras de sapatos ou qualquer outra necessidade, mas, não antes de entrar nas Lojas Americanas e comer o famoso cachorro quente com milk-shake. E essa era a hora de compensação de todo o sacrifício da ida e da volta de ónibus!! Hummm que delícia era o ápice das compras, acho até que, se eu fechar os olhos e voltar no tempo ainda posso sentir o cheiro bom que era aquele molho da salsicha com cebolas e tomates de verdade.Algumas vezes tinhamos direito a um Sundae,sabe daquelas taças altas cheio de mashmalow , chantilly e uma cereja na ponta nada de stress de dieta de acúcar ou gordura..bom demais!
Terminadas as compras voltávamos pelo mesmo itinerário cheia de pacotes, e novamente de mãos dadas pelas escadas rolantes da galeria. O meu dia perfeito, embora soubesse que iria passar pelo mesmo sofrimento dos enjoos na volta, havia recebido a recompensa de um dia maravilhoso.
Quando descíamos do ônibus na Maracatins já era quase noite, subíamos a Aratãns juntos, minha mãe, minha irmã e eu. Meu pai? Ahhh ele? Ficava na padaria para o seu bem merecido “rabo de galo”!
Meu pai Veridiano Miranda Tinoco com o  meu filho Bernie Schaeffer, 1978

texto e fotos enviados por: Iara Schaeffer

6 comentários:

  1. marta ovando obara8/11/2011 7:04 PM

    nossa Yara que delícia de lembrança..cachorro quente mais carinho de pai nnão tem como resistir.Muito linda sua homenagem.beijocas Marta.

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  2. Poxa, que bacana!
    Boas lembranças de seu pai...os passeios, as compras,o sufoco da viagem...rss...mas,foram tempos bons, não é mesmo?!
    Sabe, eu também sentia enjoos terríveis quando viajava de ônibus.Meu pai também nos levava àscmpras no centro de Sampa e eraaquela tortura,como você bem descreveu. Mas,compensava, realmente!
    Valeu,Iara!
    Muita paz!

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  3. Iara conforme fui lendo o seu texto fui me encontrando nos seus passeios ao lado do meu pai,da minha irmã: vestidinhos bem passados, sapatos engraxados, laços no cabelo...passeios pelo centro e um gostosíssimo lanche na Salada Paulista hummmm

    grande abraço

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  4. Me deu saudade dos passeios com o meu pai pelas ruas de São Paulo e do gigante sorvete que êle me comprava.

    Mario C.Souza

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  5. Sandra Brentare Martinez8/15/2011 4:12 PM

    Meu Deus!!!! Você me fez morrer de vontade só de lembrar daquele cachorro quente DELICIOSO das Lojas Americanas.Minha Mãe sempre me fazia o seguinte convite: -Sandra, Você que ir comigo fazer umas compras na cidade? Compro um cachorro quente na volta. Dava pra recusar um convite desse? rsrsr

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  6. hummmmmmm Sandra fiquei com água na boca : cachorro quente daquela época tinha outro sabor!

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