terça-feira, 22 de março de 2011

Veja, ilustre passageiro...

Adentrando os imponentes espaços do Instituto Tomie Ohtake, bem ao fundo, ao lado do restaurante, deparamos com duas curiosas exposições, capazes de despertar lembranças saudosas no mais empedernido e circunspecto dos ranzinzas.
Isto depois de termos dado uma olhada, no andar de cima, nas curiosas obras do badalado Vic Muniz. Descendo a escada e passando pela pequena multidão disputando uma mesa, ali estão: a exposição de rótulos de cachaça, desde os mais famosos aos mais primitivos e anônimos de perdidos alambiques do sertão e a dos Annuncios em Bonds.
Annuncios em Bonds... quem, já de certa idade, não se lembra deles, sendo que em alguns casos foram até sua própria motivação para aprender a ler? Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro...larga-me, solta-me, deixa-me gritar....assim como me vê, são vistos os anúncios da Annuncios em Bonds...
Cada um tem suas lembranças particulares do qual lhe marcou mais, mas Veja, ilustre passageiro é unanimidade, e justamente por isto dá nome à mostra.
Belos cartazes dos primórdios da propaganda em São Paulo. Fora eu de uma geração anterior, talvez também tivesse trabalhado neles, no Atelier Mirga. O atelier foi criado e dirigido pelo polonês Henrique Mirgalowsky, e entre 1928 e 1970 criou os principais cartazes de bondes e ônibus, que hoje fazem parte de nossa história e do imaginário popular.
Entrei na publicidade mais tarde, quando o atelier já estava fechando suas portas, bem como os saudosos bondes, no caso dos que portas tinham, pois peguei o bonde an
dando, agarrado no balaústre - mais uma coisa, e palavra em desuso, como o bonde...
Ainda assim, conheci alguns dos grandes artistas que trabalharam com Mirga: Fritz Lessin, que parecia um conde alemão, mas, era de uma simplicidade cativante; Ivo Araújo, excelente pessoa e diretor de arte; João Cardacci, já velhinho, dirigindo o estúdio da Almap...
Convido-os, então, a entrar nessa exposição e matar a saudades dos cartazes e ver, espantoso, como as artes eram todas manuais, as letras a anos luz da fotocomposição de hoje. Tudo na munheca, e lindo.
E relembrar os velhos nomes. Eucalol, Vic Maltema, Phymatosan, Lavolho, Duchen, Vinho Centauro...e rever, afinal, até aquele belo passageiro, faceiro, que acredite, quase morreu de bronquite.
10/02 a 10 de abril/2011

Instituto Tomie Ohtake
Av.Faria Lima,201
Entrada pela Rua Caropés,Pinheiros
São Paulo-SP
fone:11- 22451900
aberto de terça-feira a domingo das 11 às 20 horas 
Escrito por: Luiz Saidenberg

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