Rua Normandia
Nasci em 1957. Acho que foi na Maternidade do Hospital São Luís, na Av. Santo Amaro. E desde então, até mudar com minha mãe e irmãos para Goiânia, em 1975, morei em um só endereço: Rua Normandia n. 33 – Moema. Era um quarteirão pequeno limitado pela Av. dos Eucaliptos e Alameda Cotovia. Éramos, portanto, vizinhos da fábrica de Q.refresco e chicletes Ploc. Lembro-me que uma vez por mês, funcionários da fábrica passavam de casa em casa distribuindo uma caixa repleta de produtos: chicletes, pirulitos, saquinhos de refresco, etc. De uma certa forma, a Rua Normandia era uma comunidade e os laços de amizade eram mais estreitos quanto mais próximos morávamos uns dos outros e minha infância, pré-adolescência e parte da adolescência passaram-se com a presença dos amigos da rua: Fernandinho, o IOW, o qual o milagre da internet permitiu que nos encontrássemos no espaço cibernético, o Paulinho Leporace (sobrinho do radialista Vicente Leporace e primo da Gracinha Leporace que integrava a banda de Sérgio Mendes), o Eduardo Saliba e irmãos (Vicente, Alexandre, Fauzi e Ana Lúcia), o Caito (filho do comentarista de futebol da Rádio Tupy, José Carlos Ávila Machado que em viagem ao rio de Janeiro, sofreu acidente na Dutra e sua esposa Elizabeth veio a falecer) e os irmãos Rodrigo, Renato e Silvana (linda) e o Toninho. Da Eucaliptos tinha o Sérgio Colela e da Gaivota tinha o Luis Otávio Paternostro, que viria a ser piloto de corridas (sua irmã Helô, casou-se com um da família Losaco e me parece que o filho, também, é piloto). E essa turminha, como toda turminha, fazia das suas: tocar campainha e sair correndo; chamar táxi e se esconder; nos sábados pela manhã, pulávamos a cerca de uma escolinha municipal que tinha por ali, e brincávamos nos balanços, escorregadores e todos os brinquedos que havia; ir para o riozinho (córrego Traição, onde hoje é a Av. dos Bandeirantes) e fabricar barquinhos com a casca do tronco dos eucaliptos e vê-los descer córrego abaixo; atravessávamos para o outro lado para buscar pequenas réguas defeituosas de uma fábrica de “metro” de marceneiro, com as quais construíamos o que viesse na imaginação. Havia uma ponte sobre o córrego por onde passava o bonde e pegávamos pedra e colocávamos no trilho só pra ver o que acontecia quando o bonde passava em cima. Eu e meu irmão Fernando, hoje médico cardiologista, íamos à pé até Congonhas e ficávamos na ala internacional procurando maços vazios de cigarros que os estrangeiros jogavam no chão, para enriquecer nossa coleção de marcas de cigarro. Lembro-me de quando a Rainha Elizabeth II veio a São Paulo para inaugurar o Laboratório Welcome, que ficava entre a Eucaliptos, Cotovia e Av. Sto. Amaro. Hoje, no local, foi construído um conjunto de apartamentos. A diversidade da Rua Normandia era algo interessante, havia médicos, advogados, comandantes de avião, gregos, portugueses, argentinos, mecânicos. Meu vizinho da casa 31, Seu Fernando, trabalhava na Phillips e depois que nos mudamos pra Goiás (minha mãe é goiana de Catalão) soubemos que a filha Patrícia fora assassinada. E na esquina da cotovia com Gaivota tinha a mercearia do Seu Manuel, português, esposo de D. Joaquina, também portuguesa e que depois transformou-se no supermercado São Manoel e mais pra baixo tinha a feira onde minha mãe fazia as compras. Ali pertinho, na Eucaliptos bem próximo da Ibirapuera tinha a Jardim Escola Nova onde estudei depois de ter saído do Napoleão de Carvalho Freire. Dois anos depois, em 1967 fui para o Ginásio Friburgo, na Rua Benjamim Constant, o bairro acho que era Campo Belo. Ia de ônibus, da viação Tânia. Mais tarde fui para o Col. Santo Agostinho, no Paraíso ia de Viação Moema. Nessa época o Metro estava em construção, na Av. Jabaquara, e o trajeto até o colégio demora uma década. Depois fui para o Santo Alberto, na Martiniano de Carvalho e ia, também, de Viação Moema. Na Av. Sto. Amaro íamos no Cine Guarujá, Cine Radar e Cine Vila Rica. Nessa época, a Pizzaria do Paulino era uma das mais famosas e costumávamos frequentar a loja da Av. Santo Amaro, em frente onde hoje tem uma Universidade e onde antes fora um Laboratório, o Mead Johnson. Quando meus avós e tios vinham de Catalão, hospedavam-se em casa e sempre nos dava um presentinho em dinheiro. Eu não perdia tempo, ía até a Casa Yara, na Santo Amaro, em frente ao Welcome e comprava o que pudesse de carrinhos Matchbox para minha coleção. Infelizmente não se pode parar o tempo, nem parar no tempo. O bonde da história tem que seguir seu curso mesmo que haja uma pedra no trilho. E o tempo foi passando, alguns prédios começaram a ser erguidos, as grandes redes de supermercado começaram a aparecer na área, veio o shopping Ibirapuera, a Normandia foi transformada em um shopping e, como diz a canção “na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais”...
Minha avó Maria morava na Cotovia eu adorava ficar na casa dela lá eu tinha amigos pelo bairro,lembro muito dos sobrinhos do radialista Leporace e do João da Eucaliptos
ResponderExcluirestou sempre vendo o blog
Tereza Cristina Verria
Silvinho ler o seu texto me fez viajar no tempo: minhas idas à casa de vocês a princípio para algumas aulas de português e depois parar
ResponderExcluirbater papos infindáveis com sua mãe, a Yedda.
obrigada pelo texto: adorei
bj grande
mai
Silvinho fiquei encantada pelo texto e mais ainda pelo contatom mesmo que tenha sido em forma de escrita.Sempre penso na Yeda com aquela elegancia e belesa que quando ainda menina ficava olhando pra ela com verdadeira admiraçao,lembro bem de voces,o Fabio, o Fernando e voce, sempre foram uns amores,educados e atenciosos.Beijocas pra todos Marta irma da Mai.
ResponderExcluirCasa Yara era a única loja da redondeza que vendia alguns brinquedos.A loja tinha esse nome porque era o nome da filha do dono.
ResponderExcluirMeu Pai trabalhou muitos anos nas Indústrias Soares - Artefatos de Borracha na AV. Macuco nº 726, bem de esquina com a Av. Ibirapuera.
ResponderExcluirAs vezes, aos sábados, quando Ele ia fazer hora extra, pegávamos o ônibus da Extinta Viação Paratodos, linha 549 (Vila Campestre - Anhangabaú) até a Av. Jabaquara e de lá pegávamos um ônibus da Viação Moema que vinha da Pça. da Sé até o Largo de Moema.
Bons tempos....
AUGUSTO CRUZ
ResponderExcluirmuito obrigada pela sua participação.Bons tempos mesmo!
OLá
ResponderExcluirMeu pai, hoje com 93 anos, foi quem projetou as casas da Normandia e estamos tenatando lembrar em que ano isto aconteceu. Or acaso alguem sabe ? Ele diz que foi nos anos 50, entre 53 e 56, mas não temos certeza.
SE alguem puder me passar uam informaão, agradeço.
William James Gorham
e-mail: arquitsp@hotmail.com
cel: 9.9994.5884
Meu cel.(11)99760-0832
ResponderExcluirBom dia, você deixou seu celular mas nem nesse e nem no outro comentário deixou seu nome. Para eu postar seu comentário espero o envio do seu nome, agradecida
ExcluirBom dia.
ResponderExcluirVocê deixou o seu celular, mas no outro comentário não deixou seu nome, por favor aguardo seu nome para eu postar o seu comentário,